Há alguns anos acreditávamos que o termo acessibilidade era inexistente, tanto que para adquirir uma cadeira de rodas era quase impossível. Lembro como se fosse hoje a minha mãe me levando para a escola nos braços. Essa idéia de rampas de acesso, direitos e ir e vir, não eram direitos dos PNE's (Portadores de Necessidades Especiais); via-se até alguns esmolando no centro da cidade.
Em 1988 foi promulgada a Constituição do Brasil, onde no art. 5 cap. 1 diz que todos somos iguais perante a lei. Surge também as ONG's no Brasil. Em Vitória da Conquista existia a FCD (Fraternidade Cristã do Deficiente) ainda existente em Salvador. Logo depois a APAE e Escola para Surdos no Lyons Clube Imborés e por fim a ACIDE (Associação Conquistense de Integração do Deficiente) que históricamente levantou muitas cobranças no que se refere à execução das leis existentes. Surge no Legislativo empenho para a quebra do monopólio no transporte e foi incluido no processo licitatório a aplicação dos 10 % nas frotas dos ônibus, exigindo que sejam adaptados; com o passar do tempo, esta ONG cruzou os braços na luta pela integração e quebra de barreiras; sentimos o seu silêncio onde não vamos nos calar, com isso o Ministério Publico, poderes Legislativo e Executivo ficaram com menos trabalho no que tange à acessibilidade, por isso reclamamos e denunciamos a falta de avanços, de fiscalizações e execuções da lei. A bendita acessibilidade só terá o valor de fato e verdade, quando exercer a função a que é pertinente.
A inacessibilidade é uma realidade transformando a acessibilidade em maldita. Em Vitória da Conquista é visível a falta de rampas nas esquinas, nas faixas de pedestres e orgãos públicos, nesse caso a rampa de acesso à Casa da Justiça, onde a rampa é desproporcional desrespeita as normas técnicas da ABNT.
O transporte adaptado é deficiente, mesmo estando com as frotas adaptadas acima dos 10 %. O decreto estipula prazos para que em 2014 todo transporte coletivo seja adequado à acessibilidade e plataformas também.
A esperança é que não tenhamos que brigar mais por direitos já adquiridos mediante esforços e lutas de muitos que anônimamente doaram suas vidas em prol de uma coletividade; que possamos ir e vir sem qualquer intervenção e cuidar de nossas famílias, do lazer, da qualidade de vida e principalmente sermos cidadãos respeitados, onde não seremos só mais um nas urnas.
Temos esperanças de ter ônibus com qualidade para que possamos trabalhar pelo nosso sustento e sermos independentes. Que todo deficiente não se canse de falar, de expor para a sociedade o seu anseio e ter todos direitos alcançados. Um convite para você que também compreende nossa luta, denuncie, nos informe das mazelas e desleixos para que possamos ter provas suficiente para calar muitos demagogos, que nunca sentaram numa cadeira de rodas e enfrentaram a cidade, sim enfrentar, porque somos sujeitos a todo tipo de descaso e desrespeito nas ruas.
Edvaldo Oliveira Almeida (funcionário público e cadeirante).
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