terça-feira, 19 de abril de 2011

Letras para todos

Com nova técnica de impressão em braile, um mesmo livro pode ser lido por “cegos” e por quem vê (quem é cego aqui?)

Ian, de 10 anos, tateia “Adélia Cozinheira”: sinais e desenhos em relevo
“Adélia Cozinheira” é o exemplar mais elaborado de uma categoria que tem sido chamada de "livro totalmente inclusivo". Além do braile, ele foi impresso em tinta e letras comuns. Batizada de Braille.BR, a técnica que tornou isso possível foi desenvolvida pela designer Wanda Gomes. O objetivo era criar um material atraente para qualquer pessoa, com ou sem deficiência visual. Resultado de dez anos de pesquisa, a técnica é utilizada pela primeira vez em um livro.

Até pouco tempo atrás, para que uma mesma obra escrita fosse aproveitada por “cegos” e leitores comuns, era necessário produzir duas versões do texto: uma convencional e outra adaptada. A confecção do braile forma um relevo nos dois lados da página - alto no que será "lido" e baixo no verso. Assim, a impressão de uma imagem sobre a mesma superfície fica comprometida e difícil de visualizar. Já a Braille.BR mantém a base intacta porque, para formar os pontos, é aplicada uma tinta transparente por cima do papel. Pelo menos outros quatro livros infantis publicados nos últimos cinco anos seguem esse modelo. A diferença é que não utilizam uma nova técnica de impressão. "Neles, a inovação está na maneira de diagramar", afirma Susi Maluf, gerente de distribuição da Fundação Dorina Nowill, pioneira na publicação de livros em braile no Brasil.

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